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A Liderança e a síndrome do super-homem

2–3 minutos

A Liderança e a síndrome do super-homem

Quando eu era criança, na televisão em preto e branco dos anos 60, o Super-Homem era o meu herói absoluto. Ele chegava voando, atravessava paredes, levantava carros com uma mão, dava três socos nos bandidos de paletó e gravata e, em menos de um minuto, tudo estava resolvido. Depois, de braços na cintura e com a bandeira americana tremulando ao fundo, desaparecia no céu.

A mensagem era clara: não se preocupem, cidadãos de Metrópolis. Vocês são fracos, desajeitados e incapazes de se defender sozinhos. Mas fiquem tranquilos — tem alguém mais forte, mais rápido e mais inteligente que virá salvar vocês.
O problema? Na vida real, esse salvador nunca aparece. E, se aparecer, geralmente causa mais estrago do que resolve.

A síndrome do Super-Homem nas empresas
Muitos líderes ainda carregam essa fantasia no peito. Eles entram na sala derrubando portas metafóricas, tomam todas as decisões sozinhos, resolvem tudo na força do cargo e depois saem voando para a próxima crise, deixando a equipe aliviada… mas também infantilizada.
O resultado é sempre o mesmo:

- As pessoas não crescem
- Os problemas voltam (porque ninguém aprendeu a resolvê-los de verdade)
- A empresa fica refém de um único “herói” que, cedo ou tarde, cansa, erra ou sai

O Super-Homem dos quadrinhos nunca pergunta, nunca escuta, nunca ensina. Ele só age. E, quando vai embora, leva consigo a única coisa que impedia o caos: ele mesmo.

O poder real está nas mãos “fracas”
O grande truque do Clark Kent eram os óculos. Um par de óculos comuns fazia todo mundo acreditar que ali estava apenas um repórter desajeitado, sem nenhum superpoder. A força, a altura, o porte — tudo continuava igual. Mas as pessoas escolhiam não enxergar.
É exatamente o que ainda acontece nas organizações:
Nós colocamos “óculos” nos colaboradores e fingimos que eles são frágeis, incapazes e dependentes.
Nós colocamos “óculos” nos líderes e fingimos que só eles têm respostas.
Quando na verdade o poder sempre esteve ali — nas mãos de todos.

A liderança que o mundo precisa agora
Hoje, a verdadeira liderança não usa capa. Ela:
- Pergunta antes de agir
- Ensina em vez de resolver sozinha
- Compartilha o palco em vez de roubar a cena
- Transforma “fracos” em protagonistas
- Troca a invencibilidade fictícia pela vulnerabilidade real (e muito mais poderosa)

Porque só quando a pessoa sente que o poder está nas próprias mãos ela cresce, inova, assume responsabilidade e cria soluções que nenhum super-herói seria capaz de imaginar.

Que bom que o Super-Homem não vem
Se ele viesse, continuaríamos dormindo o sono dos impotentes, esperando que alguém de fora resolvesse nossos problemas.
Que bom que ele não vem.
Que bom que somos nós — com nossas limitações, medos, erros e humanidade — os únicos capazes de mudar o jogo.
O futuro das empresas não pertence aos homens de aço.
Pertence às pessoas comuns que decidem tirar os óculos e enxergar o poder que sempre tiveram.
E você, ainda está esperando o salvador da pátria chegar… ou já está pronto para ser o herói da sua própria história (e da sua equipe)?
Que bom que o Super-Homem não vem.
Agora a responsabilidade é toda nossa.
E isso nunca foi tão libertador.

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